sexta-feira, 8 de julho de 2011

APRESENTAÇÃO

ANA E ALDA
São alunas da área de Ciências e Tecnologias e frequentam a Escola Básica e Secundária da Batalha. Para o ano vão frequentar o 12º ano e pensam continuar em Ambiente.
O estágio está integrado no programa Ciência Viva no Laboratório - ocupação científica de jovens nas férias, uma iniciativa promovida pela ciência viva em colaboração com a comunidade científica. Decorreu entre 4 e 8 de Julho na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, sob a orientação da professora Fernanda Pessoa.

INDICADORES BIOLÓGICOS E ECOLÓGICOS - O QUE SÃO?

A ostra - indicador biológico
o procedimento para a determinação do índice de biodiversidade - um indicador ecológico


Os Oceanos representam cerca de 71% da Superfície Terrestre. Apesar de extensos, são sistemas muito sensíveis. A explosão demográfica associada ao crescente desenvolvimento industrial está a pôr em risco este imenso ecossistema. Há que desenvolver técnicas cada vez mais expeditas no sentido de penalizar, com segurança e precisão, as entidades responsáveis por essa contaminação que gera poluição. Essa contaminação para além de pôr em risco os seres vivos que aí habitam e também a vida do próprio Homem, pode, em casos extremos, provocar desequilíbrios ecológicos irreversíveis nos ecossistemas afectados.
Os indicadores biológicos e ecológicos constituem ferramentas valiosas na avaliação da qualidade dos sistemas ambientais, quer aquáticos, quer terrestres, uma vez que a partir deles é possível ter uma indicação do estado ecológico de um sistema ambiental de uma forma rápida e económica. Daí a sua crescente aplicação na monitorização em Ambiente.
Um indicador biológico, por definição, é um organismo que reflecte as condições ambientais do sistema no qual se insere o organismo e, a partir deste, é possível extrair um índice (qualitativo ou quantitativo) relacionado com uma escala de poluição (doméstica ou industrial). A ostra é um bom exemplo de indicador biológico. O índice de espessamento da concha constitui um biomarcador de presença de compostos xenobióticos disruptores endócrinos.
Como exemplos de indicadores ecológicos, tem-se os índices de biodiversidade (índice de Shannon-wiener, índice de Margalef, como os mais aplicados) e ainda o pH, salinidade (‰) condutividade (mS/cm), temperatura (ºC), ORP (mv), oxigénio dissolvido (mg/L), turvação ou turbidez (n.t.u.), % de saturação de oxigénio. 
Neste estágio, foram utilizados estes indicadores para poder aferir o estado ecológico dos sistemas marinhos da Praia da Sereia, Caparica, e Praia da Parede, Cascais.
Recorrendo às ostras, avaliou-se o estado ecológico das águas do estuário do Sado e de Vila Praia de Âncora.

DETERMINAÇÃO DE UM ÍNDICE DE BIODIVERSIDADE

Para determinar o estado ecológico de um ecossistema recorreu-se ao índice de Shannon-Wiener relativo ao nível de biodiversidade das comunidades bentónicas. Utilizou-se quadrats de 25 cm de lado como unidade de amostragem. Seguiu-se uma estratégia aleatória de amostragem. Em cada quadrat contabilizou-seo número de espécies e de indivíduos por espécie. Os dados foram registados, no campo, numa grelha própria para serem, depois, tratados informaticamente.
A tabela seguinte apresenta os dados obtidos e os cálculos necessários à determinação do estado ecológico da Praia da Parede.

(clique na imagem para a ver maior)

O estado ecológico obtido (H') foi ligeiramente superior a 2, correspondendo a um nível de biodiversidade moderado. Esta classificação reflecte, ainda, a pressão exercida pelo Homem. Comparando com anos anteriores, nota-se uma melhoria no estado ecológico, sendo uma praia com bandeira azul.

ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA À ÁGUA

Durante a visita de estudo à Praia da Parede (tabela 1) e à Praia da Sereia (tabela 2) mediu-se, in situ, os parâmetros físico-químicos indicados na camada superficial da água. Recolheu-se, ainda, uma amostra de água de cada local para estimar o teor em nitritos, nitratos e em sílica.
Tabela 1

Tabela 2
Os parâmetros da água das duas praias mostraram que as águas estavam em boas condições. Também se pode concluir que a água da Praia da Parede, pelo seu nível de salinidade, ainda apresenta uma ligeira influencia do rio Tejo, apesar de já ser considerada uma praia oceânica. A Praia da Sereia é tipicamente marinha, uma vez que, a sua salinidade é de 35 ‰.


Figura 1: Resultados da análise à água da Praia da Sereia. Legenda (da esq. para a dir.) - branco, nitritos, nitratos, sílica.

VEGETAÇÃO DAS DUNAS

Figura 1: Otanthus maritimus (Cordeiros-da-praia)
Figura 2: Euphorbia paralias (Morganheira das praias)

Figura 3: Pancratium maritimum (Narciso das  Areias)

Figura 4

Figura 5: Malcomia littorea (Goivo-da-praia)

Figura 6: Frutificação do Narciso das Areias

Figura 7

Figura 8

Figura 9: Helichrysum italicum (Erva-do-caril)

Figura 10: Cruccianella maritima (Granza marítima)

Figura 11: Eryngium maritimum (Cardo marítimo)


Ao longo de uma linha imaginária perpendicular à linha de água considera-se um cordão dunar constituido por várias zonas: a ante-duna, a pré-duna, a duna primária e duna estabilizada. As comunidades vegetais encontram-se distribuidas ao longo dessas zonas, de uma forma ordenada, relacionada, entre outros factores, com o pH e a salinidade dos solos. As imagens acima ilustram as espécies observadas ao longo do transepto.
Delineou-se uma unidade de amostragem de 1m². Um marco estabelecia o canto superior direito desse quadrat e era lançado aleatoriamente, em que o indivíduo que a lançava estava de frente para o mar e de costas para as dunas (figura 8).
Pelos dados recolhidos (15 quadrats) foi possível verificar-se a não existência da ante-duna devido à grande influência da população na praia. 
Identificou-se a pré-duna pela presença do feno-das-areias, da morganheira das praias e do cardo marítimo. Na duna primária identificou-se a planta conhecida pelo nome de cordeiros da praia, a granza marítima e a erva-do-caril. Os cordeiros da praia situavam-se no flanco oceânico e as restantes no flanco continental.
Os dados recolhidos mostraram que as dunas se encontram sob uma forte pressão humana, pelo reduzido número amostrado. Estas comunidades sensíveis necessitam de acções de sensibilização ambiental aos banhistas e de pesadas sansões àqueles que contribuem para a sua destruição. Nesta visita, além da coordenadora do estágio, também participou a professora Maria Teresa Calvão da mesma Universidade.

ALGÁRIO


Com as algas que se colheram na Praia da parede, aprendeu-se a conservá-las.
Primeiro aqueceu-se a água do mar (não muito quente) e colocaram-se as algas para que elas libertassem o muco.  A água não deve estar muito quente para que o pigmento se mantenha e assim a alga mantenha a sua cor original.  Depois introduz-se um pedaço de cartolina sem brilho e adere-se a alga à cartolina. retira-se a cartolina do banho, ajeita-se a alga de forma a que toda ela fique aderente à cartolina e depois seca-se à temperatura ambiente.
A maré não era muito ampla e por isso não foi possível apanhar melhores algas para o algário. Qualquer pessoa pode fazer um algário.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

AS OSTRAS COMO BIOINDICADORES

É possível ter-se uma indicação do estado da qualidade da água usando as ostras como organismos bioindicadores. Uma das características mais relevantes da ostra face à presença de poluição é a alteração da sua forma para espessa. sendo assim, através do grau de espessura da cocha é possível aferir-se o nível de contaminação de um estuário. Quanto mais espessa for, mais poluído é o local onde cresceu e mais magro é o próprio molusco.
Obtiveram-se ostras portuguesas provenientes do banco natural do monte da pedra (Sado) e de uma unidade de produção de ostras de Vila Praia de Âncora.

Os resultados obtidos fora, os seguintes:
STI (Monte da Pedra) = 5,9
STI (Vila Praia de Âncora) = 4,1

Os valors de STI referentes ao estuário do Sado mostraram que o nível de contaminação é médio. Tendo em conta que em alturas anteriores os valores de STI desse banco de ostras se mostraram inferiores aos actuais leva a admitir-se que o estuário está a recuperar graças às preocupações ambientais das unidades competentes. Embora ainda esteja longe do nível desejado, que neste caso, é STI igual ou superior a 10.

Os dados referentes a Vila Praia de Âncora mostraram que o sistema se encontra ambientalmente fragilizado, uma vez que o STI obtido corresponde a um nível de contaminação elevado, embora a face interna das conchas não tenha evidenciado sinais de parasitismo (Figura 1). A ostra do estuário do Sado, apesar de ter uma concha menos espessa, relativamente à  amostragem de Vila Praia de Âncora, encontrava-se muito parasitada.

Este tipo de análise requer amostragens regulares, cada uma com 30 indivíduos, no mínimo. Dado que o número de ostras analisado foi inferior a 10 e dado que, o crescimento da ostra é muito desigual, os resultados obtidos devem ser tomados apenas como indicativos e não como conclusivos.

Figura 1: Diferença entre as conchas. À esquerda, ostra de Vila Praia de Âncora, e à direita, ostra do banco natural (Monte da Pedra, Sado).

CONSTRUÇÃO DO PORTEFÓLIO E ENTREGA DOS CERTIFICADOS

No último dia do estágio elaborou-se este relatório online para apresentar as actividades e os resultados obtidos ao longo da semana. No final efectuou-se a entrega dos diplomas e a responsável do estágio desejou as maiores felicidades às participantes.






O estágio foi interessante. Adquirimos diversos conhecimentos que nos podem vir a ser úteis num futuro próximo. Foi uma semana preenchida onde se incluíram saídas de campo e análises de laboratório e onde  pudemos conhecer várias técnicas, não só laboratoriais.
No geral, o estágio foi Muito Bom.